terça-feira, 19 de maio de 2009

Há salvação fora da igreja?

Há salvação fora da igreja?

Ainda que involutariamente, o questionamento atravessa séculos, permanecendo e provocando discussões entre cristãos.

Por João Neto

''Perdi um amigo que não chegou a freqüentar nenhuma igreja evangélica. Porém ele acreditava em Deus e reconhecia o Seu poder. Ele foi salvo?''. Esse pode ser o questionamento de muitos cristãos que passaram pela perda de amigos, parentes ou até mesmo do cônjuge. Uma pessoa que freqüenta a igreja dá sinais da fé que professa, mas será que essa prova é necessária para a salvação do homem?

Em entrevista ao Guia-me, o pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória (ES), Hernandes Dias Lopes, mostrou que tal indagação possui uma complexidade maior do que se imagina. Segundo o teólogo, quando fala-se em Igreja, pode-se fazer referência à igreja visível (instituição, templo, denominação) e à invisível (corpo de Cristo). ''A grande questão é definir o que é Igreja. A salvação não pode ser desvinculada da Igreja se a entendemos como corpo de Cristo, a noiva do Cordeiro, a igreja invisível. É possível que alguém faça parte da igreja invisível sem ser membro da igreja visível'', lembrou.

Para responder parte deste questionamento, Rev. Hernades cita dois exemplos específicos, o de um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus (Lc 23:32-43) e o de Judas (Mt 27:5): ''O ladrão na cruz, arrependido, não teve tempo de ser batizado nem de filiar-se a uma igreja [visível]'', expôs o reverendo, lembrando que, por reconhecer Jesus como filho de Deus naquele momento e aceitá-Lo como seu salvador, o infrator já estava salvo, fazendo parte assim da igreja invisível. ''É possível também, alguém ser membro da igreja visível e não ser membro da igreja invisível. Judas foi apóstolo de Cristo e não foi salvo''.

Apesar de afirmar que a salvação não necessita da igreja como instituição, Hernandes Dias Lopes reiterou a importância da comunidade no cotidiano cristão e do batismo como forma de integração à vida comunitária. ''Isso não é uma desculpa para deixar de fazer parte da igreja visível. Precisamos ser integrados à comunhão da igreja pelo batismo (Mt 28.19,20). Um crente que despreza a comunhão dá provas que não pertence ao corpo de Cristo'', afirmou.

Comunhão: caminho para conhecer a DeusEm seu livro ''Janelas para a Vida - Espiritualidade do Cotidiano'', o Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto (DF), Ricardo Barbosa de Sousa, assume que se questionou a respeito da importância da igreja em sua vida durante sua juventude: ''Será que o que eu experimento nela, eu não conseguiria noutro lugar?"; "Será que não me tornei um dependente eclesiástico, daqueles que, por não saberem conviver consigo mesmos, por terem medo da solidão, precisam da comunidade?". "Responder esta pergunta foi pra mim uma tarefa mais que teológica, era existencial''.

Confirmando o raciocínio proposto pelo Rev. Hernandes, Ricardo Barbosa lembra da importância da comunhão como um fator inerente ao ser humano. ''O verdadeiro ser é uma pessoa livre, uma pessoa que livremente ama, que livremente afirma sua identidade numa comunhão com outra pessoa. Afirmamos que cremos num único Deus porque cremos numa comunhão tão perfeita de amor e entrega que não vemos três, mas um único e indivisível Deus onde a comunhão precede e determina o ser'', afirma.

A base bíblica para que Souza cite a importância da comunhão praticada na Igreja vem das palavras do próprio Cristo, as quais recebem a interpretação do teólogo. ''O conhecimento de Deus só é possível a partir da compreensão e aceitação dessa comunhão, pelo fato de Ele mesmo não existir fora dela. Jesus afirmou: "Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar". Esta declaração demonstra o quanto o ser de Deus é intrinsecamente relacionado; o quanto o conhecimento depende da comunhão''.

Agência Exclusiva de DeusPastor da Igreja Presbiteriana Central de São Vicente (SP), o Rev. Fábio Ciribelli lembra a importância da Igreja como ''agência exlusiva do reino de Deus'', recorrendo à passagem bíblica de Efésios 3.8-12. ''Em minha avaliação encontro a Igreja (organismo ou 'invisível' e organização ou 'visível') como 'agência exclusiva do Reino de Deus' entre 'principados e potestades nos lugares celestiais' e 'homens e mulheres' na terra'', afirma.
Ainda no livro de Efésios, Pr. Ciribelli lembra que a igreja não é a responsável pela salvação do indivíduo, mas sim quem a proclama, anuncia tal possibilidade e mantém a fé do indivíduo enqüanto cristão. ''Em Efésios 3.8-12 (ela anuncia em todo tempo os 'desígnios de Deus e a multiforme sabedoria de Deus'). Passamos por Romanos 10.16-21 (a ininterrupta pregação do evangelho, que alcançará a toda criatura). Por I Co 1-9 ( pela igreja Deus habilita o seu povo e com sua graça o sustenta na fé). E, por fim, podemos ficar com Efésios de novo 4.7-16, mostrando o papel de equipar os santos para toda boa obra feito pela igreja'', expõe.

O fato de a Igreja não poder caminhar sem a orientação divina não deixou de ser lembrado por Ciribelli, que citou dons espirituais como fatores de aperfeiçoamento da comunidade. ''Em Filipenses, Paulo fala que é Deus quem opera em nós tanto o querer como o realizar e em Efésios Paulo diz que Jesus Deus dons de apóstolo, profetas, evangelistas, pastores e mestres para aperfeiçoar a igreja na vida cristã e em todo o seu papel de sustentação da salvação'', conclui.

domingo, 17 de maio de 2009

Testemunho do Pastor Ricardo Barbosa de Souza

É na comunhão com Deus, família e igreja que entro em contato com a relaidade de quem eu sou. Como pastor, ouço muitos criticarem a igreja, declararem sua rejeição pelos que consideram chatos e inoportunos, sua intolerância aos rituais monótonos e repetitivos, sua impaciência para com as mudanças, sua intolerância para com os diferentes, etc.

As críticas, na maioria das vezes, procedem, têm argumentos lógicos e pertinentes. Talvez, para muitos, seria mais fácil e simples viver ilusões do mundo impessoal.
Quando viajo e participo de congressos onde sou convidado para falar, normalmente as pessoas por gentileza ou sinceridade, me elogiam, me tratam com respeito e admiração, alguns chegam até a se emocionar. No entanto, quando volto para casa, minha esposa e filhos não se impressionam facilmente com o que faço. Apenas me amam como eu sou. O mesmo acontece em minha igreja.

Nestes lugares minhas relações são mais pessoais porque minhas fraquezas são expostas, minha humanidade caída e reconciliada pelo poder de Cristo é conhecida.
É neste mundo de relacionamento pessoais que sou lembrado a olhar para mim mesmo, a tocar na minha realidade. Se vivesse sempre viajando, falando, relcebendo elogios, sendo tratado com deferência, cedo ou tarde perderia o senso de realidade porque perdi a vida de comunhão.

Preciso de família e da igreja, preciso da comunhão pessoal para presercar-me cristão e humano.
Se as pessoas rejeitam a comunhão por achá-la chata , enfadonha, complicada, é porque ainda resistem ao amor, à entrega e ao encontro real consigo mesmas. É somente na comunhão, na superação do egoísmo, na aceitação do outro, que eu me encontro comigo na presença e Deus.
Fora de um relacionamento pessoal não há conhecimento objetivo de nós mesmos. Mas a relação entre pessoa e a igreja é determinada pelo relacionamento entre a pessoa e Cristo. O ser nova criatura em Cristo é provar o poder de uma nova humanidade que se realiza na experiência da comunhão.

A comunhão através das relações pessoais é o coração da realidade. O Deus Triúno da graça nos liberta do individualismo autônomo e refaz em nós, pelo poder do seu Espírito, na mediação de Cristo, um novo homem à imagem de Deus. O encontro com o Deus Triúno é a conversão radical dos nossos relacionamentos, transformando a natureza corrompida das nossas famílias e igejas em verdadeiras comunidades onde cada pesssoa e nutrida e amada com respeito, valor e identidade próprios de cada um.
Casa vez que nos assentamos ao redor da mesa da eucaristia e recebemos a dádiva da vida de nosso Senhor atrav
es da comunhão do pão e do vinho, estamos reafirmando nossa vocação comunitária. O "eu" se transforma num glorioso "nós". Ao redor da mesa a igreja encontra sempre sua plenitude e significado. Estas são algumas razões pelas quais eu aindo preciso da igreja.

Pastor Ricardo Barbosa de Souza

segunda-feira, 23 de março de 2009

Críticas e sugestões

Olá meus queridos irmãos...

Por favor deixem suas críticas e sugestões sobre nossas aulas, é muito importante para nós.

Vocês podem deixar no espaço de comentários que fica abaixo das postagens.

Queremos fazer o melhor para vocês, por isso sua opinião é muito importante para nós.

Peço também que todos estejam orando pela nossa classe para que todos os alunos assumam o compromisso de participar. Convidem seus amigos. Orem também pela nossa professora Leonora.

Contamos com a ajuda de todos vocês.

Abraços a todos!

Conversão do Apóstolo Paulo

Olá Pessoal...

Clique nos links abaixo e assistam aos vídeos sobre a conversão do apóstolo Paulo, é em desenho animado, muito bom, vale a pena assistir.

Um abraço a todos

http://www.youtube.com/watch?v=vg5prwfF2uY&feature=related (Parte I)

http://www.youtube.com/watch?v=Z52XL1gOjzo&feature=related (Parte II)

http://www.youtube.com/watch?v=BzEUHt-29FA&feature=related (Parte III)

sexta-feira, 20 de março de 2009

O novo Ateu

O Novo Ateu
por
Rev. Ricardo Barbosa de Souza

Hoje, o ateu não é mais aquele que não crê, mas aquele que não encontra relevância para Deus na sua rotina. O novo ateísmo não precisa negar a fé; apenas cria substitutos para ela. Mantém o crente na igreja, mas longe do seu Salvador"
Sabemos que existem vários tipos de ateus. Existem aqueles que não crêem em Deus por não encontrarem respostas para os grandes dilemas da humanidade como violência, miséria e sofrimento. Não conseguem relacionar um Deus de amor com o sofrimento humano. Outros não crêem porque não encontram uma razão lógica e racional que explique os mistérios da fé, como a criação do mundo, o dilúvio, o nascimento virginal, a ressurreição, céu, inferno, etc. Diante de temas tão complexos que requerem fé num Deus pessoal, Criador e Redentor, muitos não conseguem crer naquilo que lhes parece racionalmente absurdo.
Os dois tipos de ateus já mencionados são inofensivos. Na verdade, são pessoas que buscam respostas, são honestos e não aceitam qualquer argumento barato como justificativa para suas grandes dúvidas. São sinceros e lutam contra uma incredulidade que os consome, uma falta de fé que nunca encontra resposta para os grandes mistérios da vida e de Deus.
No entanto há um outro tipo de ateu, mais dissimulado, que cresce entre nós, que crê em Deus e não apresenta nenhuma dúvida quanto aos mistérios da fé, nem em relação aos grandes temas existenciais. Ele vai à igreja, canta, ora e chega até a contribuir. É religioso e gosta de conversar sobre os temas da religião. Contudo, a relevância de Cristo, sua morte e ressurreição para a vida e a devoção pessoal é praticamente nula. São ateus crédulos. O ateu moderno não é mais somente aquele que não crê, mas aquele para quem Deus não é relevante.
Este é um novo quadro que começa a ser pintado nas igrejas cristãs. Saem de cena os grandes heróis e mártires da fé do passado e entram os apáticos e acomodados cristãos modernos. Aqueles cristãos que entregaram suas vidas à causa do Evangelho, que deixaram-se consumir de paixão e zelo pela Igreja de Cristo, que viveram com integridade e honraram o chamado e a vocação que receberam do Senhor, que sofreram e morreram por causa de sua fé, convicções e amor a Cristo, fazem parte de uma lembrança remota que às vezes chega a nos inspirar.
Os cristãos modernos crêem como os outros creram, mas não se entregam como se entregaram. Partilham das mesmas convicções, recitam o mesmo credo, freqüentam as mesmas igrejas, cantam os mesmos hinos e lêem a mesma Bíblia, mas o efeito é tragicamente diferente. É raro hoje encontrar alguém em cujo coração arde o desejo de ver um amigo, parente, colega de trabalho ou escola convertendo-se a Cristo e sendo salvo da condenação eterna. Os desejos, quando muito, se limitam a visitar uma igreja, buscar uma "bênção", receber uma oração; mas a conversão a Cristo, o discipulado com todas as suas implicações, são coisa que não nos atraem mais.
Os anseios pela volta de Cristo, o desejo de nos encontrarmos com Ele e ver restaurada a justiça e a ordem da criação ficaram para trás. Somente alguns saudosos dos velhos tempos lembram-se ainda dos hinos que enchiam de esperança o coração dos que aguardavam a manifestação do Reino. A preocupação com a moral e a ética, com o bom testemunho, com a vida santa e reta não nos perturba mais - somos modernos, aprendemos a respeitar o espaço dos outros. O cuidado com os irmãos, o zelo para que andem nos caminhos do Senhor, as exortações, repreensões e correções não fazem parte do elenco de nossas preocupações. Afinal, cada um é grande e sabe o que faz.
Enfim, somos ateus modernos, o pior tipo de ateu que já apareceu. Citamos com convicção o Credo Apostólico, mas o que cremos não tem nenhuma relevância com a forma como vivemos. A pessoa de Cristo para muitos é apenas mais uma grife religiosa, não uma pessoa que nos chama para segui-lo. O ateísmo moderno se caracteriza pela irrelevância da fé, das convicções, do significado da igreja e da comunhão dos santos.
A irrelevância de Deus para a vida moderna é intensificada pela cultura tecnocrática. Temos técnicas para tudo: para ter um matrimônio perfeito, criar filhos felizes e obedientes, obter plena satisfação sexual no casamento, passos para uma oração eficaz, como conseguir a plenitude do Espírito Santo e muitos outros "como fazer" que entopem as prateleiras das livrarias e o cardápio dos congressos. A sociedade moderna vem criando os métodos e as técnicas que reduzem nossa necessidade de Deus, a dependência dEle e a relevância da comunhão com Ele. Chamamos uma boa música de adoração, um convívio agradável de comunhão, uma moral sadia de santificação, assiduidade nos programas da igreja de compromisso com o Reino de Deus.
As técnicas não apenas criam atalhos para os caminhos complexos da vida, como procuram inverter os pólos de atenção e dependência. Tornamo-nos mais dependentes de nós do que de Deus, acreditamos mais na eficiência do que na graça, buscamos mais a competência do que a unção, cremos mais na propaganda do que no poder do Evangelho. Tenho ouvido falar de igrejas que são orientadas por profissionais de planejamento estratégico. Estudam o perfil da comunidade, planejam seu desenvolvimento, arquitetam seu crescimento e, de repente, descobrem que funcionam, crescem, são eficientes, e não dependem de Deus para nada do que foi planejado. Com ou sem oração a igreja vai crescer, vai funcionar. Deus tornou-se irrelevante. Tornamo-nos ateus crentes.
A minha preocupação não é simplesmente criticar o mundo religioso abstrato, superficial e impessoal que criamos ou criticar a tecnologia moderna que, sem dúvida, pode e tem nos ajudado. Minha preocupação é com o coração cada vez mais distante, mais abstrato, mais centralizado naquilo que não é Deus, mais dependente das propagandas e estímulos religiosos, mais interessado no consumo espiritual do que numa relação pessoal com Deus.
Como disse, o ateu hoje não é mais aquele que não crê, mas aquele que não encontra relevância para Deus na sua rotina, não precisa da comunhão dEle para a vida. A sutileza do novo ateísmo é que ele não precisa negar a fé, apenas cria substitutos para ela. Mantém o crente na igreja, mas longe do seu Salvador. Este ateu está muito mais presente entre nós do que imaginamos.